terça-feira, 28 de agosto de 2012

Encorajemo-nos!




“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”.

Guimarães Rosa


Coragem... Mostra-se de forma às vezes tímida, desapercebida, nada parecida com os grandes atos de bravura que associamos a ela, mas tão presente no nosso dia-a-dia que em muitos momentos não a denominamos de maneira adequada.

A coragem está no instante que converso comigo mesmo e falo: “isso não é para mim...”, “não, não quero isso que todo mundo quer...”; “não é essa a vida que quero levar...”, “quero mudar!”. A coragem está dentro da minha vontade genuína e não naquilo que convencionalmente achamos que temos que querer. Quando associamos a nossa real vontade com a coragem, seguimos em frente e, mesmo diante das dificuldades, dos desânimos, podemos continuar.


Vi a coragem de maneira muito mascarada em algumas situações recentes – mas quero celebrar essas pessoas que se arriscaram diante daquilo que ninguém tem controle. Pois é assim a vida – algo que nos enlaça e tem um correr próprio, onde estamos somente com a coragem para seguirmos segundo o nosso coração.

Assim, em um curso, uma colega relatou uma situação dificílima de conflito na qual fora acusada de várias formas por uma pessoa muito próxima e querida. Durante tais denunciações, ela somente conseguia afirmar, em silêncio: “Eu não sou isso... Mas aquilo eu sou!”. Fiquei admirada com a sua coragem, pois quantas as vezes não nos reduzimos à colocação do outro? Em quais circunstâncias esquecemos de olhar para aquilo que realmente nos tem valor e seguimos o rumo da maré? É preciso muita coragem para afirmarmos o que somos! Não o que queremos ser, mas aquilo que somos – o nosso lado luz e sombra, aquilo que demonstramos e escondemos, mas que na nossa intimidade permitimos ver. E para isso, somente uma reflexão silenciosa pode nos levar – “Quem sou eu?”, com todas as delícias e dores que tal indagação nos traz.

Em um outro momento, lia o post Caos e Borboleta, no blog Lagarta Vira Pupa e me admirei com a coragem de Andréa primeiramente para verificar o que não funcionava para o seu filho. Funcionou em um outro momento, mas hoje não mais e assim ela toma a decisão de ir ao encontro a um tratamento que tenha mais a ver com a singularidade do seu menino. Pois é, fiquei pensando: quantas vezes vemos e atestamos aquilo que não funciona para nós e insistimos no mesmo trajeto? O que nos leva a diminuir a nossa sensibilidade para assegurarmos aquilo que o coletivo quer preservar? Carecemos, portanto, de coragem – coragem para olharmos as nossas necessidades legítimas, a nossa particularidade, para assim não seguirmos crenças que funcionam para outros, mas não para nós mesmos.

Visitei também o blog de Camila Lobato, http://camila-lobato.blogspot.com.br/2012/08/coragem.html, que postou um texto de Martha Medeiros sobre Coragem. Fiz uma identificação imediata e com isso pude ver quando tive coragem na minha vida e quando fiquei presa deliberadamente a uma tentativa de controle.

Para finalizar, tenho que relembrar que a coragem é mais interna que externa e somente quando sintonizamos com o nosso eu é que podemos expressá-la. Voltando a Guimarães Rosa: “Viver é perigoso”... e carece de coragem. Boa vida a todos nós!

4 comentários:

  1. Querida Janine amei muito seu texto. Que você continue permeando a arte da escrita e tenha muito sucesso nas suas reflexões.Beijos enormes com saudades!
    Juliana Armellini

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  2. Obrigada, Juliana! Saudades também grandes e venha sempre me visitar!

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  3. Ei Janine, parabens! Fantasticas palavras em seu blog amiga! Recomendarei aos meus amigos e pacientes! Grande abraço, Janaina

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