“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”.
Guimarães Rosa
Coragem... Mostra-se
de forma às vezes tímida, desapercebida, nada parecida com os grandes atos de
bravura que associamos a ela, mas tão presente no nosso dia-a-dia
que em muitos momentos não a denominamos de maneira adequada.
A coragem
está no instante que converso comigo mesmo e falo: “isso não é para mim...”, “não, não quero isso
que todo mundo quer...”; “não é essa a vida que quero levar...”, “quero
mudar!”. A coragem está dentro da minha vontade genuína e não naquilo que
convencionalmente achamos que temos que querer. Quando associamos a nossa real
vontade com a coragem, seguimos em frente e, mesmo diante das dificuldades, dos
desânimos, podemos continuar.
Vi a
coragem de maneira muito mascarada em algumas situações recentes – mas quero
celebrar essas pessoas que se
arriscaram diante daquilo que ninguém tem controle. Pois é assim a vida – algo
que nos enlaça e tem um correr próprio, onde estamos somente com a coragem para
seguirmos segundo o nosso coração.
Assim, em
um curso, uma colega relatou uma situação dificílima de conflito na qual fora
acusada de várias formas por uma pessoa muito próxima e querida. Durante tais denunciações, ela somente conseguia afirmar,
em silêncio: “Eu não sou isso... Mas aquilo eu sou!”. Fiquei admirada com a sua coragem, pois
quantas as vezes não nos reduzimos à colocação do
outro? Em quais circunstâncias esquecemos de olhar para aquilo que realmente
nos tem valor e seguimos o rumo da maré? É preciso muita coragem para
afirmarmos o que somos! Não o que queremos ser, mas aquilo que somos – o nosso
lado luz e sombra, aquilo que demonstramos e escondemos, mas que na nossa
intimidade permitimos ver. E para isso, somente uma reflexão silenciosa pode
nos levar – “Quem sou eu?”, com todas as delícias e dores que tal indagação nos traz.
Em um outro
momento, lia o post Caos e Borboleta, no blog Lagarta Vira Pupa e me admirei
com a coragem de Andréa primeiramente para verificar o que não funcionava para
o seu filho. Funcionou em um outro momento, mas hoje não mais e assim ela toma
a decisão de ir ao encontro a um tratamento que tenha mais a ver com a singularidade
do seu menino. Pois é, fiquei pensando: quantas vezes vemos e atestamos aquilo
que não funciona para nós e insistimos no mesmo trajeto? O que nos leva a
diminuir a nossa sensibilidade para assegurarmos aquilo que o coletivo quer
preservar? Carecemos, portanto, de coragem – coragem para olharmos as nossas
necessidades legítimas, a nossa particularidade, para assim não seguirmos
crenças que funcionam para outros, mas não para nós mesmos.
Visitei
também o blog de Camila Lobato, http://camila-lobato.blogspot.com.br/2012/08/coragem.html, que postou um texto de Martha Medeiros sobre
Coragem. Fiz uma identificação imediata e com isso pude ver quando tive coragem
na minha vida e quando fiquei presa deliberadamente a uma tentativa de
controle.
Para finalizar, tenho que relembrar que a coragem é mais interna que externa e
somente quando sintonizamos com o nosso eu é que podemos expressá-la. Voltando
a Guimarães Rosa: “Viver é perigoso”... e carece de coragem. Boa vida a todos
nós!
Querida Janine amei muito seu texto. Que você continue permeando a arte da escrita e tenha muito sucesso nas suas reflexões.Beijos enormes com saudades!
ResponderExcluirJuliana Armellini
Obrigada, Juliana! Saudades também grandes e venha sempre me visitar!
ResponderExcluirEi Janine, parabens! Fantasticas palavras em seu blog amiga! Recomendarei aos meus amigos e pacientes! Grande abraço, Janaina
ResponderExcluirMuito obrigada pela força, Janaina! Um grande beijo!
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