“O enraizamento é talvez a
necessidade mais importante e mais desconhecida da alma humana. É uma das mais
difíceis de definir. O ser humano tem uma raiz por sua participação real, ativa
e natural na existência de uma coletividade que conserva vivos certos tesouros do
passado e certos pressentimentos do futuro.”
Simone Weil
Saber onde estão as raízes de cada indivíduo, como
ali chegaram a brotar e de que precisam para continuar a nutrir a grande
estrutura humana pode levar o ser com maior criatividade e vitalidade ao
destino querido.
Da história herdada começa a germinação particular. E,
assim, antes de começarmos a falar de um ‘eu’, estamos imersos em uma cultura
que nos é dada, uma tradição que é passada e um legado que é deixado pelos
nossos genitores. Podemos, portanto, nos sentir abençoados ou amaldiçoados de
acordo com o que recebemos, sujeitos a uma grande dificuldade de permitir a iluminação
de toda a história para que realmente a raiz lançada possa se fixar. Em alguns
momentos, tendemos a exaltar certos aspectos e configurá-los numa verdade
absoluta e perfeita; em outros, a omitir aqueles que nos causam maior
desconforto, vergonha, culpa ou ira; e ainda tem aqueles em que buscamos nos
fortalecer por nós mesmos, com uma negação absoluta de tudo aquilo que foi transmitido.