Vocês já viveram certas ocasiões em que ficaram com
uma angústia que não cessa?! Aqueles dias em que parece que tudo não anda bem?!
Instantes longos em que reduzimos todos os acontecimentos?! Enfim, um certo mal
estar que nos confunde e desorienta?! Pois bem, esses momentos podem remeter a
um grande fechamento dos acontecimentos que nos cercam e contribuem para
ficarmos mais defensivos, inseguros e com uma necessidade de proteção das
mínimas intercorrências que possam aparecer.
Ao prestarmos atenção nessa angústia e tentarmos ver
para onde nos leva, podemos perceber que às vezes ali reside na verdade um medo...
Medo muito grande das coisas não acontecerem conforme esperamos, daquilo que podemos
enfrentar, de não conseguirmos, do que possa vir... E, ao examinarmos tudo isso
que o medo evidencia, podemos ver que passamos parte da nossa vida na vã tentativa de evitar a dor. Esta experiência que a todo momento procuramos negar, ocultar e até
transformar em outra coisa para não ter que topar com ela é o que há de mais
humano em nós. Mas ,
não a queremos e, com isso, ao evitá-la, caímos no sofrimento!
Contudo, em um desses dias que a angústia e o medo me tomavam por inteira, encontrei a seguinte provocação:
“o primeiro sentimento do homem não
é o medo, mas uma atração. O medo surge num segundo momento, como reflexo da
percepção do perigo de que aquela atração não permaneça. Primeiro, há a adesão
ao ser, à vida, a maravilha perante a evidência: como possibilidade posterior,
teme-se que a evidência desapareça, que aquele ser não seja seu, que a atração
não seja satisfeita. Não temos medo de que nos sejam tiradas coisas que não nos
interessam; temos medo de que nos sejam tiradas coisas que antes devam nos
interessar”[1].
Com este “simples” parágrafo podemos constatar que por
trás da angústia, do medo, da dor, existe algo muito precioso que precisamos
cuidar. E esse objeto de cuidado refere-se ao nosso desejo mais profundo, aquilo que norteia a nossa vida e a toma de sentidos e significados.
Segundo James Hollis, a palavra desejo deriva de um termo náutico latino que significa "da estrela"[2]. É ele quem guia a nossa existência, nos direciona. Mas por quantas vezes não nos deixamos tomar pelo medo e nos distanciamos cada vez mais dos nossos desejos a ponto de perdê-los de vista, nos confundimos e temos a sensação de encontrarmos em um labirinto?
Nessa situação, a única sugestão possível é nos propormos a um encontro. Às vezes, para tanto, é preciso uma companhia, seja ela uma ajuda profissional, religiosa, parental - enfim, a ajuda de uma amizade. Essa amizade pode então nos alertar que nos fechamos à vida devido ao receio de que aquilo que queremos na verdade preservar não aconteça. E através dessa constatação é que o encontro a uma abertura se faz, com ampliação das possibilidades. Mas para isso, temos que carregar a dor que também nos move - dor esta que faz parte da nossa humanidade e ao mesmo tempo a ela oferece sentidos.
Segundo James Hollis, a palavra desejo deriva de um termo náutico latino que significa "da estrela"[2]. É ele quem guia a nossa existência, nos direciona. Mas por quantas vezes não nos deixamos tomar pelo medo e nos distanciamos cada vez mais dos nossos desejos a ponto de perdê-los de vista, nos confundimos e temos a sensação de encontrarmos em um labirinto?
Nessa situação, a única sugestão possível é nos propormos a um encontro. Às vezes, para tanto, é preciso uma companhia, seja ela uma ajuda profissional, religiosa, parental - enfim, a ajuda de uma amizade. Essa amizade pode então nos alertar que nos fechamos à vida devido ao receio de que aquilo que queremos na verdade preservar não aconteça. E através dessa constatação é que o encontro a uma abertura se faz, com ampliação das possibilidades. Mas para isso, temos que carregar a dor que também nos move - dor esta que faz parte da nossa humanidade e ao mesmo tempo a ela oferece sentidos.
“Permite que agora
emudeça:
que me conforme em
ser sozinha.
Há uma doce luz no
silêncio,
e a dor é de origem
divina”.
Trecho de Serenata, Cecília Meireles
[1] GIUSSANI, L. O
Senso Religioso. Trad. P. A. E. Oliveira. Brasília: Universa, 2009. p. 157.
[2] HOLLIS, James. Encontrando significado na segunda metade da vida. São Paulo: Novo Século, 2011.
[2] HOLLIS, James. Encontrando significado na segunda metade da vida. São Paulo: Novo Século, 2011.
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